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sábado, 14 de dezembro de 2013

Afinal, Kira estava certo?

 
    O anime Death Note faz sucesso em várias partes do mundo. A incessante busca de L - um detetive jovem e com uma mente genial - e de Light Yagami - jovem brilhante, que adota o codinome de Kira - por justiça deixa o anime carregado de reflexões e de emoção.
    Light é um jovem que vivia uma vida de tédio, até que um dia encontra, no quintal de sua escola, um caderno - o Death Note - que promete matar aquele que tiver seu nome escrito ali. Ele então começa a escrever no caderno o nome de criminosos espalhados pelo mundo inteiro, matando milhares de pessoas, mas reduzindo os índices de violência e conseguindo trazer, mesmo que não integralmente, uma relativa "paz mundial".
    Já L é um detetive famoso (embora todos desconheçam sua identidade), que tem reconhecimento por resolver todos os casos que lhe são propostos. L é então encarregado de descobrir quem está matando tantas pessoas mundo a fora, e o próprio personagem se opõe à ação de Kira, pois acredita que a paz não pode ser trazida por meio da violência.
   Quem assiste ao anime geralmente escolhe um lado: ou é a favor de Kira, o antagonista, ou de L, o detetive que está tentando resolver o caso. Mas e então, qual dos dois está certo?
    Bom, o livro "Justiça - O que é fazer a coisa certa" (Justice - What's the right thing to do?), best-seller do autor norte-americano Michael Sandel, traz algumas concepções sobre justiça, e sobre diferentes modos de pensar sobre o que é certo ou errado. Pois bem, pretendo apresentar duas concepções: primeiro a concepção utilitarista, pela qual Kira estaria certo, e segundo, a concepção de Aristóteles, pela qual L estaria provavelmente certo.  Também gostaria de, no final, apresentar minha opinião pessoal a respeito. Vamos lá.
   
   O princípio da máxima felicidade ou utilitarismo é uma concepção pela qual a soma das satisfações deve ser maior do que a soma de sofrimento. Em outras palavras: o objetivo é maximizar a felicidade social, assegurando a hegemonia do prazer sobre a dor. De acordo com o inglês Jeremy Bentham, a coisa certa a fazer é aquela que maximizará a utilidade. Como "utilidade" ele define qualquer coisa que produza prazer ou felicidade e que evite dor e sofrimento.
    Portanto, partindo do ponto de vista de Bentham, Kira estaria certo. As mortes promovidas por ele trazem felicidade a um maior número de pessoas e, assim, Kira age com coerência ao tentar trazer paz à maioria, mesmo que isso implique na morte de certo número de pessoas. O que importa nesse caso é conseguir um maior número de pessoas felizes, o que, no caso, o personagem consegue fazer.
    Bom, vamos ao ponto de vista do filósofo Aristóteles. Para ele, justiça significa dar às pessoas o que elas merecem, dando a cada um o que lhe é devido. Seu modo de raciocinar a partir do propósito de um bem para a devida alocação desse bem é um raciocínio teleológico. Aristóteles argumenta que, para determinar a justa distribuição de um bem, temos que procurar o télos, ou o propósito do bem que está sendo distribuído.
    Portanto, qual o télos - ou propósito - do personagem Kira e de suas ações? Essa seria provavelmente a pergunta que Aristóteles faria. No anime, Light afirma que pretende criar um "Novo Mundo", um mundo onde ele seja deus e onde reine a paz mundial.
    Além de (certamente) criticar o propósito de Kira, por atender em boa parte a anseios individuais do personagem, Aristóteles também afirma que o propósito da pólis (comparativamente, o Estado) é dar aos cidadãos uma vida boa. Além disso, Aristóteles afirma que a política deve orientar as ações humanas e suas capacidades, ajudando cada um a se desenvolver e a viver uma vida digna. Para ele, o ser humano deve ser conduzido à virtuosidade. Assim, é muito provável que Aristóteles se manifestasse a favor do personagem L ou, ao menos, se opusesse a Kira.
 
    Gostaria, para finalizar, de dar a minha opinião pessoal a respeito. Se eu tivesse que escolher um dos lados, ficaria ao lado de L. Ninguém tem o direito de decidir o que é certo ou errado sozinho, ignorando o modo de pensar de todos os outros indivíduos, os quais fazem parte da mesma sociedade da qual Light fazia parte. Além disso, o modo de agir do estudante ignorava os direitos individuais daqueles que ele executava. Não acredito na violação dos direitos individuais como a melhor maneira de promover a justiça. O curioso é que, mesmo acreditando que Kira estava errado, torci pela sua vitória durante todo o anime. Por que será que, vez por outra, torcemos para o lado errado ou para o lado dos vilões? Bom, isso já é outra história. Mas para você, que leu esse artigo, "Kira é a justiça"?
 
 

Bauman e uma reflexão acerca do patriotismo heroico/ Michael Moore e "Roger & Eu"

 
   No seu livro "Vida Líquida", o sociólogo polonês Zygmunt Bauman faz uma reflexão sobre o patriotismo e o envolvimento dos cidadãos com o seu país, como em situações de guerra, por exemplo.
   Para Bauman, a atual supremacia dos motores da economia da sociedade líquido-moderna sobre o poder do Estado é determinante para que as pessoas não se sintam mais tão ligadas ao sentimento de patriotismo pelas suas nações.
   No passado, durante o surgimento dos Estados-nações europeus, numa época em que reinava o poder monárquico e absoluto, o Estado tinha soberania integral e completa sobre tudo e todos. No entanto, a autoridade dos Estados atuais é muita das vezes derrotada por forças globais, como pela vontade de empresas e conglomerados internacionais.
    Não sendo mais responsável por promover segurança, por controlar a economia e por vigiar a tudo e a todos, o Estado passa a ser visto de maneira diferente por seus súditos. Menos promessas por parte dos governos significam menor necessidade de dedicação patriótica e mobilização espiritual pelos membros de um país. Surgem então os pequenos exércitos profissionais particulares, onde não há mais espaço para o herói nacional de outrora.
   Nas palavras de Bauman: "Os consumidores satisfeitos, ocupados em cuidar de seus interesses particulares, vão esplendidamente bem, obrigado...''.

   A reflexão de Bauman transporta ao exemplo que ocorreu na cidade de Flynt, registrado no filme "Roger e Eu", de Michael Moore. No filme, mostra-se como boa parte da população de uma cidade, que trabalhava na empresa General Motors, perde seu emprego após a companhia decidir mudar suas operações para o México, onde os custos de produção são obviamente menores. 
   Após a saída da General Motors da cidade, Flynt enfrenta uma situação aterradora, pois boa parte dos moradores dependia dos empregos da fábrica. Com a saída da mesma da cidade, a população se vê abandonada à própria sorte, tendo de enfrentar o caos e o desemprego. Durante todo o filme, o irreverente Michael Moore tenta conseguir uma entrevista com o presidente da General Motors.

        

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A "Machine Gun" de Jimi Hendrix

    Depois de meses sem postar nada, estou ficando com a impressão de que agora esse blog acabou se tornando um blog de música. Fazendo um retrospecto de posts anteriores, já falei sobre The Beatles, Pink Floyd, Renato Russo...
   Mas esse post é de alguém sobre o qual ainda não falei. Esse post é dedicado a uma música do maior guitarrista de todos os tempos: Jimi Hendrix, é claro. A música é Machine Gun (arma de fogo, numa tradução livre). É mais uma severa crítica à Guerra do Vietnã, que se prolongava cada vez mais e levava à morte de milhares de norte-americanos e vietnamitas durante a década de 1960.
   Não vou comentar sobre a parte instrumental da música, pois os solos impecáveis de Hendrix dispensam quaisquer comentários. Mas essa música me chamou a atenção pelo fato de ser repleta de significado e de situações parecidas com a do Vietnã se repetirem ainda hoje com a intervenção dos EUA em diversos países, em especial no Oriente Médio.
   Ah, o link para download, é claro: Download
 

sábado, 4 de maio de 2013

O tão esperado "Somos Tão Jovens"

     Pois é, ontem o filme "Somos Tão Jovens" finalmente estreou nos cinemas do Brasil. Eu, é claro, corri para comprar os ingressos e assistir. Então vamos a mais um post sobre o cara aí da foto.
     O filme conta uma parte da vida de Renato Russo - mal chega ao início da Legião Urbana em si - , passando pela colocação dos pinos nas pernas de Renato, a formação do Aborto Elétrico, o momento em que se descobre como bissexual e por aí vai. Não estou considerando isso um "spoiler" porque isso de fato aconteceu; é a história de Renato Russo, e se você a conhece sabe que isso tudo ocorreu.
    Achei o filme muito bom. A atuação de Thiago Mendonça me agradou, e foi incrível ver como conseguiram deixar o ator tão parecido com o cantor. A abertura do filme em si já foi emocionante, tocando "Tempo Perdido" e passeando pelas fotos da infância de Renato.
    Mas o filme me desagradou em um aspecto. Quando eu estava no apse da emoção, o filme simplesmente acabou. Na minha cabeça, a impressão que eu tive foi de que tudo deve ter durado no máximo uns quarenta minutos. Olhei no meu relógio e percebi que o filme tinha durado uma hora e quarenta. Pra quem é realmente fã de Renato, o filme passa muito rápido. Mas eu espero que seja feito mais um filme - ou mais dois, não sei - porque os fãs de verdade querem ver toda a história do cantor ser contada, até o momento da sua morte. Mas, de qualquer modo, o filme foi muito bem feito, e os produtores estão de parabéns. Só não deixem de fazer pelo menos mais um filme pra concluir essa história tão fantástica.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Natália - "É preciso acreditar num novo dia"

   Para terminar a homenagem a Renato Russo, escolho a música Natália.
   Primeiro, quem seria Natália? Natália seria a representação da juventude, que Renato irá criticar nessa música.
   A letra mostra uma juventude que comenta de tragédias, que presta atenção naqueles que mandam, que acha que a felicidade é hipocrisia. É uma juventude que, para consertar esses erros, aposta na mentira. E através da mentira ganha dinheiro.
   Renato também diz que é preciso acreditar nessa nova geração, nesses "meninos e meninas" que fazem parte de um mundo em constante transformação. "Quem sabe um dia eu escrevo uma canção para você", isto é, quem sabe um dia a juventude não é capaz de transformar as coisas, de ser merecedora de uma canção positiva?
   "Quando o circo pega fogo'', ou seja, quando os políticos cometem os crimes que cometem, essa "juventude" acaba por assistir a tudo "enjaulada".
   "Natália" tem um estilo de puro rock n' roll. Muito boa.

Link para download da música: Download
Link para letra da música: Natália - Legião Urbana

O Livro dos Dias - "Um Catálogo de Erros"

   Essa é uma das músicas mais fantásticas da Legião. Também é uma das mais tristes. Pode ocasionalmente provocar choros.
   O Livro dos Dias compõe o álbum homônimo ou também chamado de A Tempestade. Foi o último álbum da Legião Urbana com Renato Russo ainda vivo.
   O que dizer dessa música? Bom, lendo-a num primeiro momento, pode parecer que não faz muito sentido. Mas lendo-a com calma percebe-se que diz muito.
   Renato Russo, logo no começo, ao dizer "Ausente o encanto antes cultivado" já mostra a perda de encanto pela vida. Ora, o cantor já sabia que estava com AIDS e já aceitava o fato de que iria morrer. Não é triste? Quando vejo essa e outras partes da letra, fico pensando o que se passava na cabeça dele nessa época.          
   A música também diz "Meu coração não quer deixar/Meu corpo descansar". Vê-se que ainda havia uma centelha de vontade de viver em Renato. Mas ele acaba aceitando uma morte que para ele era iminente. Ele afirma que o "desejo inverso é velho amigo". Nesse caso, o desejo inverso é o desejo de descansar. O desejo que antes era de morrer agora era de descansar.
   O final é a parte mais emocionante. No final, Renato mostra, assim como na letra da canção "A Via Láctea", o quanto ele gostaria que as pessoas não se afastassem dele em um momento de tristeza, dor e sofrimento.
   Enfim, O Livro das Dias é muito melancólica, mas, sem dúvidas, uma das melhores da Legião em termos de composição.

Link para download da música: Download
Link para letra da música: O Livro dos Dias - Legião Urbana

(1965) Duas Tribos - "E você de que lado está?"

   Essa música é muito interessante, mas ao mesmo tempo acho ela um pouco difícil de analisar.
   Na minha opinião, essa música critica em primeiro plano a ditadura militar. Perceba como Renato demonstra a repressão que as pessoas sofriam e, claro, nas entrelinhas, as torturas que eram cometidas - "Podia ser meu pai/ Podia ser meu irmão".
   Mas ao mesmo tempo me parece que ele fala da violência contra uma criança inocente - veja como há objetos infantis na música, como um autorama ou Hanna-Barbera (empresa que criou, dentre outros, o desenho Scooby Doo). Assim, acho que Renato Russo entrelaçou tanto a ditadura como a morte de uma criança que pode ter acontecido injustamente na mesma época.
   É a música que mais critica politicamente das que estão presentes no álbum As Quatro Estações. Aprecio ela pois sou totalmente contra qualquer forma de ditadura.

Link para download da música: Download
Letra da música: (1965) Duas Tribos - Legião Urbana

Fábrica - "Que Venha o Fogo Então"

   Esse post é em homenagem à música Fábrica, que, ao meu ver, tem uma rica crítica social.
   A letra me lembra o sociólogo Karl Marx e a filosofia socialista. Acho que me lembro sempre de revoluções do proletariado quando ouço Fábrica.
   A música é um apelo; uma crítica às condições dos trabalhadores, que vivem até mesmo sob condições de escravidão.
   O nome Renato Russo é inspirado no nome do filósofo Jean-Jacques Rousseau - o nome verdadeiro de Renato Russo era Renato Manfredini Júnior. Assim, se de fato o músico buscava inspiração nos escritos desse filósofo, de certa forma isso aparece nessa música, uma vez que Rousseau criticava a propriedade privada, como Renato também faz na música - ''Quem guarda os portões da fábrica?".
   Essa música foi muito usada em aberturas de shows da Legião Urbana e chegou a ser regravada pela banda argentina Attaque 77.

Link para download da música: Download
Letra da música: Fábrica - Legião Urbana

Acrilic on Canvas - "Trabalhei você em luz e sombra"

   Vou começar a homenagem pela música Acrilic on Canvas. Primeiramente, o que esse título significa?
   Bom, "Acrilic" seria uma pintura com tinta acrílica e "Canvas" é um tecido forte, feito de algodão, que é usado na pintura. Assim, para simplificar, podemos traduzir o título da música como "acrílico sobre tela".
   Pra falar a verdade, a letra dessa música é tão bonita e tem um significado tão vasto que me sinto até meio encabulado de dar minha própria interpretação.
   Acho que Renato Russo fala de um amor que se desmanchou, de um amor que ele idealizava, ou melhor, de uma pessoa que ele idealizava muito, mas que agora se foi - não uma pessoa que morreu, mas que foi embora da vida dele.
   A idealização na música se dá principalmente por meio de uma comparação - de certo modo metafórica - da pessoa que Renato Russo ama com uma tela de pintura. Mas se olharmos a letra de uma maneira não-metafórica, talvez o cantor esteja expressando que essa pessoa era alguém que apenas inspirava seus desenhos e suas pinturas. Pode ser que o cantor estivesse expressando as duas coisas ao mesmo tempo também.
    Tem quem diga que essa pessoa é a mesma citada na música "Eu Sei". Acho isso bem possível, mas não me arrisco a responder essa pergunta.
    Enfim, ouça a música, porque ela é demais, e sinta ela da sua maneira.
                    
Link para download da música: Download
Letra da música: Acrillic on Canvas - Legião Urbana

Há 53 anos...

   Pois é, há 53 anos atrás, nascia, no Rio de Janeiro, o nosso amigo Renato Russo. Renato Russo já foi tema de algumas postagens aqui do blog, então, não preciso comentar a admiração que sinto por ele. Como homenagem, vou postar cinco músicas da Legião Urbana aqui no blog, dando minhas interpretações sobre as letras e deixando links de download das músicas.
    A propósito, gostaria de comentar que no dia 3 de maio, será lançado o filme Somos Tão Jovens, que contará  a história do cantor,  que será interpretado pelo ator Thiago Mendonça. Estou ansioso para ver esse filme. Se você é fã do cara, também deve estar ansioso ou acabou de ficar depois de ler essa postagem. Vamos esperar pra ver!                       

quarta-feira, 20 de março de 2013

O Mestre Machado de Assis

    Machado de Assis é um mestre da Literatura Brasileira (acho que isso não é novidade para ninguém, não é?). Só que por que ele é tão reconhecido assim?
    Ora, Machado é famosíssimo pelos livros Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas. No primeiro, é narrada a história de Bentinho e Capitu, em que Bentinho desconfia de que esteja sendo traído pela sua esposa Capitu - descrita com "um olhar de cigana oblíqua e dissimulada". No segundo, o personagem Brás Cubas narra a sua própria história após morrer - daí o título Memórias Póstumas. 
    A obra do autor não se limita apenas a esses dois romances. Ele também escreveu outros romances como Quincas Borba e escreveu diversos contos, dentre os quais O Alienista e A Cartomante. 
    Mas Machado revoluciona ao inaugurar o movimento realista, com o livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, em  1881. Quebra-se o estilo romântico, que era marcado por extrema idealização e caracterizado muitas das vezes por amores impossíveis e que às vezes acabavam em tragédias.  As obras realistas eram marcadas por maior análise e crítica social  (esse traço, no entanto, não pode ser destacado nas obras de Machado de Assis) e também por não serem idealizadoras como as obras românticas.
    No estilo Machadiano, podemos destacar o intenso descritivismo, profunda e inteligente ironia, análise psicológica dos personagens e também as curiosas digressões, em que Machado interrompe o fluxo da história para dialogar com o leitor. Essa última era uma das características marcantes das obras do autor, e que tornavam seus livros mais interessantes. Sinceramente, acho o uso de digressões marcas de um verdadeiro gênio. Isso é que Machado representa até hoje, e não é à toa que ele é um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.
    Sinto-me obrigado a recomendar os livros deste sujeito da foto. É uma leitura que pode deixar o leitor um pouco impaciente. Aliás, o próprio Machado de Assis comenta sobre isso, afirmando que o leitor é apressado em terminar o livro, mas que ele, autor, no entanto, não tem pressa alguma. Um comentário como esse não é genial?
     Assim, se você ficou interessado, não encontrará dificuldade em encontrar os seus livros na Internet. Boa leitura!

terça-feira, 19 de março de 2013

Um Dia Perfeito, com as crianças

   E assim Renato Russo definia um dia perfeito: com as crianças, correndo na chuva. Esse é mais um post voltado para a Legião Urbana. Por quê? Porque a Legião é a Legião. Eu poderia escolher qualquer música da banda para comentar, porque todas têm um significado; hoje decidi escrever sobre a música Um Dia Perfeito. E é claro que é uma interpretação totalmente pessoal, não quer dizer que a música não possa ter outras interpretações.
   Vejo na letra a simplicidade do que seria um dia perfeito - com as crianças, na varanda, correndo na chuva. Pois bem, se alguém perguntasse a qualquer pessoa na rua o que seria um dia perfeito, acho que obteríamos respostas como "Ganhando 1 milhão na loteria!" ou "Passando o dia em Paris". Mas Renato Russo mostra que não é necessário muito para ter um dia perfeito. Com o amor, com as coisas simples da vida, podemos conseguir isso facilmente. Ele também diz no fim da letra que não vai se deixar embrutecer. Isso é outro ponto essencial, com cenas de agressividade tão frequentes que vivemos no nosso quotidiano.
   Engraçado, quando leio a letra da música, me lembro dos meus avôs maternos, que moravam comigo e já se foram. Eles me lembram exatamente a personificação do que seria simplesmente a simplicidade (poético) de um dia perfeito. Hoje parece que nos fazem acreditar que necessitamos de mais e mais para sermos felizes. Mas será que precisamos de tanto? Para Renato Russo, parece que não. E pra mim também.

Link para download: Download
Letra da música: Um Dia Perfeito - Legião Urbana

terça-feira, 12 de março de 2013

Os reis do humor

   Pra mim, há três exemplos de grandes humoristas ou companhias de humoristas que realmente se destacam de todos os outros.
  Em primeiro, vem Charlie Chaplin. Chaplin ficou famoso pela cena em que dança na chuva e por alguns de seus filmes memoráveis. O filme O Grande Ditador, filme em que Chaplin critica o fascismo, em especial Adolf Hitler, tem um discurso no final que é arrebatador, extremamente tocante e que causa profundo estupor. O filme Tempos Modernos, em que Chaplin encarna um operário em uma fábrica e o conflito entre a sua relação com a máquina, é comumente recomendado por livros de história, além de provocar boas risadas. Ambos os filmes citados contam com a participação da bela atriz Paulette Goddard. Enfim, Charlie Chaplin era um gênio. Se você nunca viu nenhum de seus filmes, não terá dificuldade de encontrá-los no youtube. Um conselho: não veja os filmes dele dublados. Prefira os legendados, porque assim você percebe melhor o talento deste célebre comediante que, embora tivesse pouco mais de 1,60m, tinha um talento incomensurável. 
  Em segundo, vem Roberto Bolaños e todo o time de Chaves. A série mexicana, originada em um episódio do programa Chapolin Colorado, composto pelo mesmo time de Chaves, fez tanto sucesso que ganhou o próprio seriado. É interessante observar que os personagens de Chaves tem cada qual suas características marcantes, como Kiko, que é um mimado garoto que é sempre defendido por sua mãe coruja, Dona Florinda; Chaves, um menino pobre que mora dentro de um barril; Seu Madruga, que é um desempregado que vive devendo o aluguel de sua casa, e por aí vai. Outro fato cômico é que os personagens que são crianças (Chaves, Kiko, Chiquinha e todos os alunos do Professor Girafales) são interpretados por adultos. É interessante que os bordões da série também são muito marcantes, como "Tesouro, não se misture com essa gentália!" e "Isso, isso, isso, isso!".
   Por último, mas não menos engraçado, vem a companhia de comédia inglesa Monty Python. Você provavelmente nunca ouviu falar deles, porque são pouco conhecidos no Brasil, mas na Inglaterra, ficaram famosos nos anos 60/70 pelas suas sketches na BBC. O humor do Monty Python era totalmente nonsense, isto é, muitos quadros são totalmente sem noção. Liderados por John Cleese, esse insano time de comediantes fez alguns quadros inesquecíveis, como A Piada Mais Engraçada do Mundo e O Futebol dos Filósofos. Esse último acho especialmente cômico e muito inteligente. Eles também produziram alguns filmes, como Vida de Brian e O Sentido da Vida. Mas ao assistir os quadros do Monty Python, entenda que muitos são extremamente irônicos, alguns são difíceis de compreender e têm piadas que apenas os ingleses entendem e o principal, a maioria é marcada pelo nonsense.
    Esses três exemplos encantam porque não precisaram apelar para fazer rir, trazendo um humor bem construído, inteligente e bem-sucedido. Coisa rara de se achar hoje em dia.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Teorias Malthusianas x Teoria Reformista

    As Teorias Malthusianas propõem, basicamente, que o crescimento populacional  é responsável à ocorrência da miséria.
    A Teoria Malthusiana propõe que a população cresce em ritmo geométrico, tendendo a duplicar a cada 25 anos, caso não ocorram epidemias, guerras, desastres naturais etc. Já a produção de alimentos cresceria em ritmo aritmético e possuiria certo limite de produção. Malthus concluiu que uma vez que a produção de alimentos cresceria em ritmo bem menor do que a população,  a consequência disso seria a fome, ou seja, a falta de alimentos para abastecer as necessidades de consumo do planeta. Malthus propunha, assim, que a população só tivesse filhos se tivesse terras cultiváveis para poder alimentá-los.
   A Teoria Neomalthusiana propõe que uma numerosa população jovem, resultante das elevadas taxas de natalidade nos países subdesenvolvidos, merece investimentos sociais em educação e saúde. Com isso, sobrariam menos recursos para serem investidos nos setores agrícola e industrial, o que impediria o pleno desenvolvimento das atividades econômicas e, consequentemente, da melhora das condições de vida da população. Ainda segundo os Neomalthusianos, quanto maior o número de habitantes de um país, menor a renda per capita do país. Essa teoria chega à mesma conclusão da Teoria Malthusiana, ou seja, que o crescimento populacional é responsável pela ocorrência da miséria. É uma tentativa de enfrentar os problemas econômicos partindo do controle de natalidade. Também não deixa de ser uma maneira de acobertar os efeitos danosos dos baixos salários e das péssimas condições de vida dos países subdesenvolvidos.
    A Teoria Reformista propõe que uma população jovem numerosa não é a causa do subdesenvolvimento, mas sim consequência dele. Em países desenvolvidos, marcados por um elevado padrão de vida da população, o controle de natalidade ocorreu paralelamente à melhoria da qualidade de vida da população. Uma população jovem e numerosa só se tornou empecilho para o desenvolvimento econômico porque não houve investimentos sociais, principalmente em educação e saúde.
    Essa situação gerou um imenso contingente de mão de obra sem qualificação, que continua ingressa no mercado de trabalho. Isso diminui a produtividade do país e empobrece parcelas do país. É necessário que as famílias obtenham condições dignas de vida, já que tenderão a ter menos filhos. Essa teoria é a mais realista, por analisar os problemas econômicos, sociais e demográficos de forma objetiva, partindo de situações reais do dia a dia das pessoas.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

O que mudou com a Primeira Revolução Industrial?

   Todo mundo já ouviu falar na escola de Revolução Industrial. Aliás, a Revolução Industrial é um processo que se estende até hoje, afinal, o grande avanço tecnológico que a humanidade viu acontecer no fim do século XX, com o a criação de foguetes, computadores, celulares, microchips e diversos outros aparelhos considerados atualmente de alta tecnologia também fazem parte de uma Revolução Industrial. Obviamente, essa última ocorreu de modo diferente da Primeira Revolução Industrial, que teve início na Inglaterra no século XVIII.
   Mas então o que mudou no mundo com a Primeira Revolução Industrial? O que foi trazido de novo por esse processo?

Burguesia - Olhando pelo lado social, os grandes líderes da Primeira Revolução Industrial foram os burgueses. A classe, que já vinha ganhando força desde o fim da Idade Média e que também teve papel decisivo no financiamento das Grandes Navegações, "bancou" também o advento das Indústrias. Uma das grandes mudanças que a classe sofreu foi que, com a Revolução Industrial, os burgueses tornavam-se empresários e passavam a fornecer as ferramentas para que a mercadoria fosse produzida. Até então, a burguesia fornecia a matéria-prima aos artesãos, que trabalhavam em casa e posteriormente vendiam a produção aos burgueses, que buscavam então revender o produto. Isso mudou com a 1ª R. I., o que acarretou declínio na atividade dos artesãos.

Meio de produzir - A Revolução Industrial foi marcada por uma série de invenções (máquina de fiar, máquina a vapor, tear hidráulico...) que possibilitaram aumento da produção e foram decisivas no surgimento das maquinofaturas - fábricas movidas à máquina. As inovações técnicas, num primeiro momento, se concentraram na produção têxtil, principal produto exportado pela Inglaterra. É claro que a Revolução Industrial não se limitou apenas à Inglaterra, se estendendo à França e aos Países Baixos, por exemplo, que trouxeram novas máquinas e técnicas próprios.
   É importante ressaltar que o vapor é considerado a força motriz da Revolução Industrial. Ele era obtido da queima do carvão, principal fonte de energia da época. Para muitos historiadores, a invenção da máquina a vapor consolidou essa Revolução Industrial, ao permitir o acionamento de uma máquina por outra, sem necessidade de força ou propulsão humana ou animal.

Classe operária - A formação da classe operária ou proletariado (proletariado significa "filho do trabalho", literalmente) esteve inerentemente ligada ao desenvolvimento industrial, mas também à expulsão dos camponeses das comunas e ao desenvolvimento dos centros urbanos. A política dos enclousures ou simplesmente cercamento dos campos contribuiu também para o deslocamento da população em direção às cidades, formando, nas palavras do filósofo Karl Marx, um "exército industrial de reserva". Ou seja, o surgimento dos operários foi marcado por excesso de mão de obra e carência de empregos, o que determinou baixa de salários e a submissão a condições extremamente precárias de trabalho.

   As transformações ocasionadas pela 1ª R. I. não acabam aí, mas creio que essas sejam as principais. Uma outra também que teve profunda influência no contexto do século XX foi o surgimento do socialismo. O socialismo se trata de uma corrente ideológica profundamente ligada à questão operária. Um dos principais defensores do socialismo científico foi o filósofo Karl Marx. Para ele, o operários deveriam fazer revoluções e conquistar o governo de seus países, tornando os meios de produção acessíveis a todos e acabando com a propriedade privada. Ele afirmava que a luta de classes era algo marcante na história de todas as sociedades e que já era tempo de o proletariado não mais aceitar o domínio burguês. O livro O Manifesto Comunista, escrito por Marx e Engels, termina com a sonora frase: "Proletários de todo o mundo, uni-vos!", que virou lema da União Soviética.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A briga entre árabes e judeus pela Palestina

    A Palestina foi ocupada por hebreus (judeus) no ano 1000 a.C. Com o passar do tempo, a região foi dominada por diversos povos, como os assírios e os romanos. No entanto, no século I d.C., após os judeus se oporem ao domínio romano, houve a chamada diáspora, em que os hebreus foram expulsos de seu território e ficaram dispersos pelo mundo.
   No século VII, os árabes, durante seu processo de expansão territorial, conquistaram a Palestina, que passou a fazer parte do Império Muçulmano. O problema começa a partir daí.
   Cansados de viver aproximadamente dezenove séculos sem pátria, os judeus, então, iniciaram um movimento nacionalista no século XIX denominado sionismo, em que defendiam a criação de um Estado Judaico. Pois bem, o território escolhido foi justamente a Palestina, local sobre o qual os judeus afirmavam possuir direito de ocupação histórico.
   Assim, teve início um processo de migração dos judeus rumo à Palestina. Essa é a origem do problema, pois os árabes palestinos não admitem a presença dos judeus no seu território.
   Em 1947, a ONU, buscando solucionar o problema, propôs a divisão do território palestino em dois Estados: 57% do território caberia aos judeus e os 43% restantes aos palestinos. Ambos os lados não concordaram com essa divisão e afirmaram que caso a divisão fosse concretizada, declarariam guerra.
   Feita a divisão e criado o Estado de Israel, em 1948, forças aliadas do Egito, Líbano, Síria, Iraque e Transjordânia (atual Cisjordânia) invadiram Israel. A vitória dos judeus, em 1949, resultou no fim do que seria o Estado Árabe da Palestina: uma parte dele foi anexada à Israel, outra (atual Cisjordânia) foi anexada à atual Jordânia, e o Egito ficou com a região de Gaza.
   Milhões de palestinos foram transformados em cidadãos de segunda categoria nos territórios ocupados por Israel, outros tantos foram expulsos da Palestina, passando a viver em campos de refugiados, nos países árabes vizinhos. Começava, assim, a Questão Palestina. Outras guerras, como a de Suez, em 1956, a dos Seis Dias, em 1967, e a do Yom Kippur, em 1973, contribuíram para a ampliação das fronteiras e do prestígio militar de Israel.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

"In My Life", uma das obras mais lindas do The Beatles


   



A música "In My Life", do The Beatles, é quase um poema e mostra porque a banda é a maior de todos os tempos. A música fala de alguém que lembra de suas vivências e dos lugares onde esteve na vida, mas que após conhecer a pessoa amada, passou a atribuir muito mais significado a essa pessoa do que às suas próprias memórias. Algo recorrente na vida das pessoas que realmente amam; quando alguém conhece a pessoa amada, o mundo ao redor, o passado, as lembranças, enfim, tudo isso parece perder significado frente a essa pessoa. A música é linda e realmente vale a pena ouvi-la. Deixo o link do 4shared para baixá-la, um vídeo do The Beatles com a música e também a letra com a tradução. 

Baixar a música no 4shared: http://www.4shared.com/mp3/3dV9BtWR/Beatles_-_In_My_Life.html
          

In My Life                                                          Em minha vida
There are places I remember                                 Há lugares de que me lembro
All my life though some have changed                    Em toda minha embora alguns tenham mudado
Some forever not for better                                   Alguns para sempre e não para melhor
Some have gone and some remain                         Alguns se foram e alguns permanecem

All these places had their moments                        Todos esses lugares tiveram seus momentos    
With lovers and friends I still can recall                  Com amores e amigos que eu ainda lembro
Some are dead and some are living                        Alguns estão mortos e outros estão vivos
In my life I've loved them all                                   Na minha vida eu amei a eles todos

But of all these friends and lovers                           Mas de todos os amigos e amores
There's no one compares with you                         Não há nenhum que se compare a você
And these memories lose their meaning                  E essas memórias perdem seus significados
When I think of love as something new                  Quando eu penso no amor como algo novo

I know I'll never lose affection                               Eu sei que nunca vou perder o afeto
For people and things that went before                  Pelas pessoas e coisas do meu passado
I know I'll often stop and think about them            Eu sei que frequentemente vou parar e pensar nelas
In my life I'll love you more                                   Na minha vida amarei mais você


I know I'll never lose affection                              Eu sei que nunca vou perder o afeto
For people and things that went before                Pelas pessoas e coisas do meu passado
I know I'll often stop and think about them           Eu sei que frequentemente vou parar e pensar nelas
In my life I'll love you more...                               Na minha vida amarei mais você

In my life I'll love you more...                               Na minha vida amarei mais você...


quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Os legisladores gregos

    Os legisladores atenienses surgiram após reivindicações de reformas sociais, principalmente devido à restrita participação política que os cidadãos atenienses enfrentavam.
    O primeiro legislador foi Drácon, que transformou leis que até então eram orais em leis escritas. O código legal de Drácon proibia as vendetas – a guerra entre famílias por vingança. Além de muito severo, esse código não resolvia os problemas sociais existentes na época, conservando as desigualdades sociais e aumentando o descontentamento popular.
    Em 594 a.C., os comerciantes conseguiram a nomeação de Sólon, um eupátrida (nobre) por nascimento e comerciante por profissão. As reformas de Sólon abriram caminho para a democracia ateniense. Sólon conseguiu abolir a escravidão por dívidas e também dividiu a sociedade de acordo com a renda, ou seja, censitariamente.
    O princípio censitário adotado por Sólon abriu caminho para que os ricos comerciantes atenienses obtivessem participação política, uma vez que o critério para participar das decisões políticas era a renda. Sólon também criou a Bulé ou Conselho dos Quatrocentos, que abria a participação política para as três primeiras classes sociais.
    O último elo da cadeia das reformas iniciadas por Drácon e Sólon foram as reformas realizadas por Clístenes. Clístenes transformou fundamentalmente a estrutura social e política de Atenas. Em termos políticos, a sua reforma reduziu o poder dos eupátridas, aumentou o poder das instituições populares e reduziu o número de classes para três: cidadãos, metecos e escravos.
    Os cidadãos compreendiam todos os atenienses homens e adultos, ou seja, homens e adultos maiores de 18 anos, filhos de pais e mães atenienses. Os cidadãos menos qualificados maior liberdade e garantia de vários direitos. Um pobre camponês é um cidadão, assim como um rico comerciante ou aristocrata de terras. A transformação empreendida por Clístenes garantiu a Atenas anos de prosperidade econômica e de paz.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

As correntes filosóficas helenísticas

   A filosofia helenística, que veio após os três principais filósofos gregos (Sócrates, Platão e Aristóteles), continuou a investigar os problemas que eram discutidos anteriormente. Uma das questões era saber o que era a verdadeira felicidade e como atingi-la. Há quatro correntes filosóficas principais, sobre as quais falarei abaixo.

Os Cínicos
    Os cínicos afirmavam que a felicidade verdadeira deve ser atingida através da libertação de coisas efêmeras, como luxo, poder político e boa saúde. A felicidade não consiste nessas coisas externas e, por isso, pode ser atingida por todos. Uma vez que essa felicidade é atingida, ela não pode mais ser perdida.  
    Os cínicos achavam que as pessoas não precisavam ter preocupações com sofrimento ou morte. Elas também não precisavam se preocupar com o sofrimento alheio. Atualmente, quando empregamos a palavra cinismo, estamos relacionando-a a esse aspecto, de insensibilidade ao sentir e sofrer do outro.

Os Estoicos
    Assim como Heráclito, os estoicos afirmavam que todos eram parte de uma mesma razão ou "logos". Cada pessoa no mundo seria um "microcosmo", que era reflexo do "macrocosmo".
    Isso levou à ideia de um direito universalmente válido, o assim chamado direito natural. O direito natural está baseado no fato de o homem e o Universo fazerem parte de uma razão atemporal que é imutável. Nesse sentido, os estoicos se posicionam contra os sofistas, assim como Sócrates.

Os Epicureus
    Para os epicureus, o prazer era o bem supremo, e a dor, o mal supremo. Deste modo, o sofrimento e a dor devem ser evitados a todo custo para garantir a felicidade. O objetivo dos cínicos e dos estoicos é suportar todas as formas de dor, enquanto o objetivo dos epicureus é evitar todo tipo de dor.
    O principal representante desta corrente é Epicuro. Epicuro defende também que o resultado prazeroso de curto prazo deve ser ponderado em relação a um prazer mais duradouro, de longo prazo. Epicuro também defende que para viver uma boa vida, não devemos temer a morte.

O Neoplatonismo
     O Neoplatonismo tem sua inspiração em Platão, daí o nome dessa corrente filosófica. Existe uma boa analogia para entender esta teoria.
     Imagine uma fogueira, da qual saem centelhas em diversas direções. Próximo da fogueira, a noite é iluminada, e a alguns quilômetros de distância ainda é possível ver o brilho desta fogueira. Conforme a distância aumenta, em um determinado ponto, a luz do fogo não consegue ser vista.
     Agora imagine a realidade como sendo esta enorme fogueira. O que arde é Deus - e as trevas lá fora são a matéria fria, da qual são feitos homens e animais. Junto a Deus estão as ideias eternas, que são as formas primordiais de todas as criaturas. Sobretudo a alma humana é uma "centelha de fogo". Mas por toda a parte na natureza aparece um pouco desta luz divina. Podemos vê-la em todos os seres vivos.