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sábado, 14 de dezembro de 2013

Bauman e uma reflexão acerca do patriotismo heroico/ Michael Moore e "Roger & Eu"

 
   No seu livro "Vida Líquida", o sociólogo polonês Zygmunt Bauman faz uma reflexão sobre o patriotismo e o envolvimento dos cidadãos com o seu país, como em situações de guerra, por exemplo.
   Para Bauman, a atual supremacia dos motores da economia da sociedade líquido-moderna sobre o poder do Estado é determinante para que as pessoas não se sintam mais tão ligadas ao sentimento de patriotismo pelas suas nações.
   No passado, durante o surgimento dos Estados-nações europeus, numa época em que reinava o poder monárquico e absoluto, o Estado tinha soberania integral e completa sobre tudo e todos. No entanto, a autoridade dos Estados atuais é muita das vezes derrotada por forças globais, como pela vontade de empresas e conglomerados internacionais.
    Não sendo mais responsável por promover segurança, por controlar a economia e por vigiar a tudo e a todos, o Estado passa a ser visto de maneira diferente por seus súditos. Menos promessas por parte dos governos significam menor necessidade de dedicação patriótica e mobilização espiritual pelos membros de um país. Surgem então os pequenos exércitos profissionais particulares, onde não há mais espaço para o herói nacional de outrora.
   Nas palavras de Bauman: "Os consumidores satisfeitos, ocupados em cuidar de seus interesses particulares, vão esplendidamente bem, obrigado...''.

   A reflexão de Bauman transporta ao exemplo que ocorreu na cidade de Flynt, registrado no filme "Roger e Eu", de Michael Moore. No filme, mostra-se como boa parte da população de uma cidade, que trabalhava na empresa General Motors, perde seu emprego após a companhia decidir mudar suas operações para o México, onde os custos de produção são obviamente menores. 
   Após a saída da General Motors da cidade, Flynt enfrenta uma situação aterradora, pois boa parte dos moradores dependia dos empregos da fábrica. Com a saída da mesma da cidade, a população se vê abandonada à própria sorte, tendo de enfrentar o caos e o desemprego. Durante todo o filme, o irreverente Michael Moore tenta conseguir uma entrevista com o presidente da General Motors.

        

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